








"A educação é um dos principais veículos de imposição do pensamento colonial. No entanto, ela também pode ser transformada em um instrumento de libertação, desde que as relações de poder que permeiam os processos educativos sejam questionadas e transformadas" (Gonzalez, 1983).
A experiência transformadora proporcionada pelo Mestrado Profissional em História – PROFHISTÓRIA é, de fato, um divisor de águas, para repensar o ensino de história na educação básica, especialmente no contexto da decolonialidade e do feminismo negro. Ao mergulhar nesses estudos e trazê-los para a sala de aula, percebi a urgência de preencher as lacunas deixadas pelas narrativas tradicionais da história, que muitas vezes invisibilizam as vivências e contribuições das mulheres negras e de outros grupos marginalizados.
A decolonialidade é uma crítica ao legado colonial que ainda permeia não só a sociedade, mas também as estruturas de poder, o conhecimento e a educação. Quando falamos de decolonialidade no ensino de História, referimo-nos à necessidade de descentralizar a perspectiva eurocêntrica que por muito tempo dominou as narrativas históricas e acadêmicas. E isso significa não apenas incluir a história das mulheres negras de Conceição da Feira e outros grupos marginalizados, mas reconstruir a forma como o conhecimento é produzido e transmitido, valorizando saberes que foram silenciados e marginalizados.
O ensino de História antirracista, alicerçado na decolonialidade, busca transformar as estruturas que perpetuam o racismo e a exclusão nas escolas na Bahia. Ele reconhece que o racismo não é apenas um comportamento individual, mas uma construção social e histórica que molda todas as esferas da vida. Dessa forma, um ensino antirracista não se limita a adicionar temas raciais ao currículo, pois essa abordagem simplista muitas vezes se revela insuficiente para provocar mudanças significativas na escola, ele exige uma transformação estrutural que redefine como o conhecimento é transmitido, buscando sempre desmantelar as hierarquias impostas pelo colonialismo e suas consequências.
Essa transformação deve incluir a formação de professores e educadores para que eles possam abordar questões raciais de maneira crítica e contextualizada, reconhecendo a diversidade cultural e histórica da Bahia e das localidades em que a escola está inserida.
Assim, através desse site apresentamos a nossa proposta para contribuir com a implantação da Educação Antirracista no Colégio Estadual de Tempo Integral de Conceição da Feira, através de uma Plataforma Digital para subsidiar a nossa prática escolar em sala de aula.
A Plataforma Digital de Educação Antirracista do Colégio Estadual de Tempo Integral de Conceição da Feira, pensada como produto do Mestrado Profissional em História da Universidade Estadual da Bahia, sob orientação da Profa. Dra. Cláudia Pons Cardoso, inclui diversos recursos importantes, como:
Plano Escolar de Educação Antirracista: guia para implementar práticas antirracistas no ambiente escolar;
Glossário Antirracista: ferramenta essencial para entender e utilizar corretamente termos relacionados ao combate ao racismo e a construção de uma sociedade antirracista;
Calendário Escolar Antirracista: organiza atividades para promover igualdade racial e valorização da diversidade. Ao longo do ano, a partir das datas propostas no calendário poderão ser realizadas campanhas, rodas de conversa, debates e palestras com especialistas, envolvendo os/as estudantes e a comunidade escolar.
E-book “Nós, Mulheres Negras, na História de Conceição da Feira”: destaca as histórias e contribuições das mulheres negras do município.
Plano de Curso Decolonial de História da 1ª série do Ensino Médio.
A Plataforma Digital de Educação Antirracista foi criada para ser um subsídio à prática docente no ensino de História no Colégio Estadual de Tempo Integral de Conceição da Feira, contribuindo no combate ao racismo na escola e na sociedade. A plataforma tem o objetivo de oferecer materiais e recursos pedagógicos aos professores, ajudando-os a abordar a temática racial de maneira crítica e inclusiva em suas aulas.
A criação da Plataforma Digital de Educação Antirracista do Colégio Estadual de Conceição da Feira representa um avanço significativo na promoção de uma educação antirracista transformadora, fundamentada em princípios decoloniais. Neste momento inicial, a plataforma se constitui como um instrumento pedagógico da escola, projetado para ampliar a conscientização e a prática antirracista no ambiente escolar, com a proposta de incorporar e desenvolver novas ideias vindas da própria comunidade educativa. Ao se pautar em uma pedagogia decolonial, a plataforma valoriza o saber local e as vozes da comunidade, destacando a cultura e a história negra de Conceição da Feira como elementos centrais para a construção de uma educação que não apenas informa, mas também transforma.
Fundamentada na visão decolonial, a plataforma incentiva a participação ativa dos estudantes e professores na construção contínua de seu conteúdo, refletindo as contribuições e as experiências vividas por eles. É, assim, um espaço de ação educativa comprometida com a construção de uma sociedade antirracista, oferecendo à comunidade escolar um canal para aprender e desconstruir estereótipos e práticas racistas, estabelecendo uma educação verdadeiramente inclusiva e transformadora.